Apesar de, nos últimos anos, o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho ter aumentado, em muitas empresas, ainda impera a visão assistencialista e preconceituosa na contratação desses profissionais. Foi o que apontou, no dia 07/12, Elaine Ranieri, da REIS (Rede Empresarial de Inclusão Social), e Eduardo Conrado Silveira, da Comissão Especial de Direitos das Pessoas com Deficiência na OAB/SP. Os dois participaram do webinar “Pessoas com Deficiência e o Mercado de Trabalho”, organizado pelo Comitê de Diversidade e Inclusão da ABPI (Associação Brasileira da Propriedade Intelectual), com a mediação de Monique Bastos, profissional de Diversidade no Veirano Advogados e membro do Comitê de Diversidade e Inclusão da ABPI.
Os debatedores, ambos cadeirantes, reconheceram que o mercado de trabalho vem aumentando a contratação de pessoas com deficiência, mas, para eles, esse número está longe do ideal. Uma das questões apontadas é a visão meramente funcional dos contratados em detrimento da igualdade e da qualidade profissional. “Em 2008 as empresas contratavam números, mas hoje estamos mostrando que por trás existem pessoas que precisam de equidade. Estamos na transição da quantidade para a qualidade”, disse Eliane Ranieri. “Precisamos que a escuta seja mais ativa para desconstruir anos de exclusão”.
Para Silveira, há muitos gargalos de acessibilidade no ambiente empresarial. No caso das pessoas com deficiência física, por exemplo, eles estão relacionados ao mobiliário e equipamentos inadequados. “Pela lei existe a obrigatoriedade da acessibilidade, de recrutar pessoas com deficiência, mas vejo muitas dificuldades de adaptação das empresas”, disse. “A maioria dos locais de trabalho não tem acessibilidade física”. Ele também apontou como obstáculo à inclusão no mercado de trabalho o “capacitismo”, que é a discriminação e o preconceito social contra pessoas com qualquer tipo de deficiência, pressupondo, assim, que pessoas com deficiência estariam inaptas para as atividades profissionais.
