Sustentabilidade e a sobrevivência do varejo em debate
A série de eventos Law & Fashion Webtalk promovida pela ABPI em conjunto com a Comissão de Direito da Moda (CDMD) da OAB-RJ vem fazendo história. O evento chegou a sua 6ª edição trazendo para o debate temas altamente relevantes.
O mais recente aconteceu dia 22 de julho com o tema “Conglomerados de Moda: Aspectos Estratégicos e Legais” e a participação de Douglas Carvalho Júnior, da Target Advisor, consultoria especializada em finanças corporativas, Rodrigo Caseli, do Grupo Avenida, e Raphael Sahyoun, da grife Twenty Four Seven. A moderação ficou por conta de Deborah Portilho e Renata Lisboa, respectivamente presidente e primeira vice-presidente da CDMD.
A sobrevivência deu o tom o evento. “O empresário não tem que pensar na venda, se vai sair ou não, tem que sobreviver, viver é para depois. É hora de arrumar a sua organização”, disse Douglas Carvalho.
É exatamente o que está fazendo a Twenty Four Seven. “Temos planos de, no futuro, aumentar o número de franquias e licenciados, mas agora estamos reorganizando a empresa para conseguir passar pelo que está acontecendo e vislumbrar um futuro estruturado”, explicou Raphael Sahyon. Em 2011, ele vendeu a Bobstore, marca de moda feminina, para o grupo Inbrands e, seis anos depois, lançou a Twenty Four Seven, que já tem 28 lojas espalhadas no País. “O que está conhecendo é novo para todo mundo, somente com a reabertura dos shoppings e das lojas vamos conseguir enxergar um pouco mais a frente”, disse o empresário.
Já o Grupo Avenida é um ponto fora da curva na pandemia. Com 127 lojas localizadas em 14 estados brasileiros menos afetados pelo coronavírus, o grupo já tem 103 unidades operando e, segundo Caseli, das 40 lojas em shoppings, pelo menos uma dezena registra crescimento em comparação com 2019. Em Cuiabá, onde fica a sede da empresa, as medidas sanitárias de restrição ao comércio ainda são rígidas e, por isso, as lojas ainda estão fechadas. “Quando as lojas de Cuiabá reabrirem teremos 100% da nossa operação funcionando”, disse o empresário.
Sustentabilidade – Para o tema “Sustentabilidade aplicada à indústria da moda”, o 4º Law & Fashion Webtalk trouxe para o debate, no dia 25 de julho, Yamê Reis, consultora da Comissão de Direito da Moda (CDM), coordenadora do Instituto Europeu de Design – IED-Rio e fundadora do Rio Ethical Fashion; Paula Passos, sócia da Lapa Shoes; e Sérgio Dutra, fundador da Lab 77. O webinar teve a mediação de Renata Lisboa e Ana Leticia Allevato, Secretária-geral da Comissão de Direito da Moda da OAB-RJ.
“A sustentabilidade no setor de moda não é uma tendência, veio para ficar”, disse Yamê, lembrando que nas empresas socialmente responsáveis a igualdade de gênero, o uso de materiais limpos, o estímulo ao consumo responsável, processos envolvendo economia circular, segurança do trabalho, entre outros itens, estão incorporados à gestão estratégica das empresas. “Muitas destas ações sustentáveis trazem economia para as empresas”, disse ressaltando a função educativa da marca junto ao consumidor. “Esse lugar da marca que fala e educa é importante para transformar o consumidor”.
A Lapa Shoes segue o modelo sustentável de gestão e, como não utiliza nenhum produto de origem animal, caracteriza-se como empresa vegana. Um exemplo é a linha “Lapa Recicla” de calçados produzidos com tecido reciclado sem processos químicos e uso de água. Todos os produtos da empresa são produzidos com base no conceito slow fashion, que prioriza o consumo responsável e o descarte correto da peça ao final da sua vida útil. “Quando comecei fui picada pelo espírito do empreendedorismo e queria começar da forma mais correta possível”, explicou Paula.
Na Lab 77 a sustentabilidade está no próprio modelo de negócio. A empresa, que tem a camiseta como carro-chefe, tem toda a sua linha de produção (costureiras, estamparia etc.) concentrada num só local e só vende sob demanda. Um dos segredos deste sistema é produzir peças atemporais, que já foram testadas e aprovadas pelo consumidor. “Não colocamos no mercado produto que não vai ser comprado, pois nossa meta principal é não deixar resíduo, o chamado estoque morto”, diz Dutra. Segundo ele, a indústria da moda gera muito excesso, sendo que das 150 bilhões de peças produzidas anualmente no mundo 30% são ou queimadas ou devolvidas aos países de origem.
Você pode assistir a esses webinars no Canal da ABPI no Youtube:
Conglomerados de Moda: Aspectos Estratégicos e Legais
Sustentabilidade aplicada à indústria da moda