Anos atrás, o matemático João Candido Portinari, filho do pintor de O Lavrador de Café, estava na busca de recursos para bancar o Projeto Portinari, do qual é fundador, quando se deu conta que tinha em mãos um grande ativo: a marca Portinari. Ato contínuo, registrou a marca no INPI e, desde então, os royalties obtidos por meio de licenciamentos da marca passaram a ajudar na manutenção do Projeto. João Candido foi palestrante, no último dia 04 de julho, do webinar “O Projeto Portinari: manutenção e democratização do legado de Cândido Portinari”, evento organizado pelos coordenadores da Comissão de Estudo de Arte e Cultura da ABPI, Carmem Iris Parellada Nicolodi, Gustavo Martins de Almeida e Frederica Richter.
Com a entrada de recursos por meio dos licenciamentos, acrescidos de recursos vindos do Estado e da iniciativa privada, João Candido deu continuidade ao projeto, ou seja, a catalogação e organização das obras e o trabalho do garimpo de informações sobre Candido Portinari, e da equipe de 15 pessoas envolvidas. “Ainda há um espaço em aberto muito grande para licenciamento da marca Portinari em vários segmentos”, apontou João Candido. “O licenciamento é vital para a permanência do Projeto”.
O grupo envolvido no Projeto trabalha no momento no lançamento do sexto volume do catálogo raisonné de Portinari, que será impresso e incorporará mais 400 obras do artista. O catálogo atual, que completa 20 anos, foi o primeiro a reunir a obra completa de um artista latino-americano. Em 2.406 páginas, os cinco volumes reúnem, entre outros, nada menos do que cinco mil obras do artista, 30 mil documentos e seis mil cartas trocadas com contemporâneos.
Reunir o acervo de artista tão profícuo como Portinari, falecido em 1962, não foi fácil. Mais de 95% das suas obras estão em coleções privadas, em paredes, azulejos e painéis. Outra dificuldade foi a de que, durante a catalogação, surgiram mais de 200 obras falsas e outras 230 ainda continuam desaparecidas.
Portinari foi um dos maiores artistas brasileiros. Abaixo um testemunho de um dos grandes nomes que foram contemporâneos de Portinari: o escritor Jorge Amado.
“Candido Portinari nos engrandeceu com sua obra de pintor. Foi um dos homens mais importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade. A terra e o povo brasileiros — camponeses, retirantes, crianças, santos e artistas de circo, os animais e a paisagem — são a matéria com que trabalhou e construiu sua obra imorredoura…”.
