Seminário de Mulheres em PI firma-se como importante fórum de debate do gênero no País
Com cerca de 150 participantes, sendo um terço presenciais, o 2º Seminário Internacional de Mulheres em Propriedade Intelectual, realizado nesta quinta, 29, na sede da ABPI, no Rio, firmou-se como importante fórum de debates de PI no País voltado especificamente para as questões femininas. Sob o tema, “Conexões e rede na promoção da equidade de gênero”, 16 debatedoras, distribuídas em três painéis, abordaram temas próprios da mulher, transversais à propriedade intelectual, como diversidade, empreendedorismo, carreira, inclusão e violência.
Organizado pelo grupo IP Female, que reúne entidades ligadas à inovação, escritórios jurídicos e profissionais mulheres, o seminário mostrou a diversidade de temas que envolve a mulher no âmbito da Propriedade Intelectual e, nesta edição, com a presença de duas debatedoras estrangeiras. “Este evento é um trabalho de mais de 20 organizadoras, mulheres maravilhosas que deram muito do seu tempo para que acontecesse”, disse, ao abrir os trabalhos, Elza Durham, uma das coordenadoras do IP Female. “Juntas somos mais fortes, mais sábias e infinitamente capazes”, observou Erika Silla, diretora-executiva da ABPI e membro do Comitê Executivo IP Female.
Em sua palestra de abertura, a coordenadora da Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher da Prefeitura do Rio de Janeiro, Mariana Xavier da Silva, detalhou programas de promoção da mulher, como o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM), o Casa da Mulher Carioca, o Mulheres do Rio e o Elas na Indústria.
O primeiro painel do evento “Construindo conexões: a importância da sinergia entre redes de mulheres em PI” reuniu a secretária de Competitividade e Política Regulatória do Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços (MDIC), Andrea Macera; a co-chair do ChIPs Brazil, Bruna Rego Lins; e a representante do Women in IP, Tatiana Machado. A interação entre as diversas redes, com trocas de experiências e auxílio mútuo, apontaram as debatedoras, é essencial para o crescimento do movimento inclusivo das mulheres no mundo da Propriedade Intelectual. “Uma rede, muito mais do que uma troca de informação, é um compromisso de cooperação entre mulheres, o que ajuda a desconstruir aquela ideia concorrencial embutida na gente, às vezes de forma inconsciente”, afirmou a mediadora do painel, Rafaela Guerrante, que é pesquisadora do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual) e membro do Comitê Executivo IP Female.
O segundo painel, que versou sobre “Disparidades Regionais na Circulação de Conhecimento em Propriedade Intelectual”, reforçou a ideia da importância desta sinergia e da difusão, entre as redes, dos diferentes programas dirigidos às mulheres. Vale citar, entre eles, o da ApexBrasil “Mulheres e Negócios Internacionais” e os promovidos pela OMPI, como “Mulheres em Carreiras STEM” e o, por enquanto em fase piloto, “programa de formação, mentoria e estabelecimento de contatos em matéria de propriedade intelectual para mulheres empreendedoras de povos indígenas e comunidades locais”. O painel, sob a mediação de Maria Cláudia Nunes, membro do Comitê Executivo da Rede IP Female, reuniu a conselheira da OAB/AP, Daniela Fortunato; a coordenadora-geral de Bioeconomia e Ciências Exatas, Humanas e Sociais da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Joana Marie Nunes; a oficial de Programa da OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), Maria Fernanda Paresqui; e a analista da ApexBrasil, Maíra Rodrigues.
O último painel, sobre “Diversidade e Inovação Feminina no Brasil e no Exterior” mostrou que, a despeito das dificuldades enfrentadas pelas mulheres, como assédio e discriminação no ambiente de trabalho, há avanços significativos para a inclusão e o empoderamento feminino. Considere-se, por exemplo, recente resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) destinando a cota de 40% das promoções para as mulheres. Ou a pesquisa do USPTO, que revela um aumento da presença feminina nas invenções geradas por Inteligência Artificial ou, ainda, a constatação de que quase metade dos funcionários do Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido são mulheres. Ou seja, se é longa a distância para se chegar à igualdade de gênero, a caminhada já começou. Participaram do painel, sob a mediação de Elza Durham, a juíza federal Caroline Tauk; a gerente de Marketing de Produto da L’Oréal e fundadora do projeto Pretas na Ciência, Ana Nascimento; a consultora do USPTO, Karin Ferriter; e a head de Inclusão e Diversidade do UKIPO, Nicolla Smith.