Newsletter - Edição 35 - Abril 2022

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Comitê Empresarial da ABPI retoma as atividades com pauta estratégica

A abordagem da estratégia de propriedade intelectual alinhada à estratégia de negócio marcou a primeira reunião do ano do Comitê Empresarial da ABPI no último dia 26 de abril. A mesa redonda contou com duas empresas associadas, Vale e Stellantis, ambas de setores classificados como intensivos em direitos de propriedade intelectual (DPI), de acordo com relatório do INPI de 2021 que aponta os setores Intensivos em DPI na Economia Brasileira. As empresas foram convidadas a compartilhar suas estratégias, conquistas, desafios e perspectivas de futuro relacionados ao uso dos DPIs como parte da estratégia de negócio. 

Com novas reuniões marcadas, uma para agosto, durante o Congresso Internacional de Propriedade Intelectual da ABPI, e outra em dezembro, no almoço de confraternização da associação, o Comitê retoma suas atividades com o propósito claro de agregar valor ao empresariado promovendo networking, compartilhamento e discussões de alto nível. Estão sendo estimuladas a presença de representantes de outras áreas das empresas associadas como Negócios, P&D, Inovação, Marketing e outras, além do Jurídico, área que geralmente acompanha as atividades da ABPI. 

“Estamos programando as reuniões do Comitê ao longo do ano para promover debates estratégicos e incentivar participação em discussões da ABPI com o olhar de negócio sobre PI, conectadas ao interesse das empresas. Um dos pilares é PI e a Estratégia da Empresa, sob perspectiva da visão interna de negócio, porque entendemos de que propriedade intelectual é uma ferramenta importante para a decisão empresarial e o segundo pilar do Comitê é PI e o Ambiente Nacional, sob a perspectiva da visão externa ao negócio, com especial atenção ao cenário nacional”, explicou a nova coordenadora do Comitê Empresarial, Patrícia Leal Gestic.

Setores e Indústrias Intensivas em DPI

O relatório de análise industrial de 2016, desenvolvido pelo Instituto Europeu de Patentes e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia, aponta que indústrias de utilização intensiva de DPI geraram 27,8 % dos postos de trabalho na EU, em média, ao longo do referido período, 60 milhões de europeus ocuparam postos de trabalho em indústrias de utilização intensiva de DPI. Além disso, mais 22 milhões de postos de trabalho foram gerados por indústrias que fornecem bens e serviços para as indústrias de utilização intensiva de DPI. Levando em conta os empregos indiretos, o número total de postos de trabalho dependentes de DPI aumenta para 82,2 milhões (38,1%). No mesmo período, as indústrias intensivas em DPI geraram mais de 42% da atividade econômica total (PIB) na União Europeia, no valor de 5,7 bilhões de euros. São igualmente responsáveis pela maior parte das trocas comerciais entre a União Europeia e o resto do mundo, tendo gerado um excedente comercial e contribuído, assim, para o equilíbrio da balança comercial da UE. As indústrias de utilização intensiva de DPI pagam salários significativamente mais elevados do que as outras indústrias, com um acréscimo salarial de 46%. 

O relatório brasileiro, ao dimensionar a participação dos setores intensivos em DPI no Brasil, teve por objetivo deixar sua contribuição em um contexto de recente lançamento da Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual visando promover um Sistema Nacional de PI que incentive a criatividade e investimentos em inovação. Os setores intensivos em PI empregaram diretamente 19,3 milhões de pessoas, 36% do total, e responderam por 2,1 trilhões de reais, ou seja, uma participação de 44,2% no valor adicionado bruto total, no período analisado, o que demonstra, de maneira geral, maior produtividade dos setores intensivos em comparação com os setores não intensivos. Os setores intensivos em PI pagaram, de maneira geral, um salário médio 11% maior que o pago nos setores não intensivos.

A estratégia da Vale e da Stellantis

Dois grandes conglomerados globais, a nacional Vale, uma das maiores produtoras globais de minério, e a estrangeira Stellantis, empresa resultante da fusão da FCA Fiat Chrysler com o grupo PSA Peugeot Citroen e que fabrica veículos leves, compartilharam a experiência e a relação do tema propriedade intelectual em seus respectivos negócios apontando conquistas, desafios e expectativas de futuro com o Comitê Empresarial. 

Indústrias tão distintas e com desafios tecnológicos característicos de seus setores, tanto a Vale quanto a Stellantis encontram na PI oportunidade de se destacarem no mercado como forma de entregar maior valor agregado, qualidade, distintividade e produtividade, com o uso efetivo e estratégico dos DPIs. O olhar para o Brasil e exterior foi abordado. No Brasil, a Vale é intensiva em patentes e marcas e a Stellantis, intensiva em desenho industrial e marcas. 

No evento, Claudia Silva Oliveira, da Vale, enfatizou a importância da propriedade intelectual para a empresa. De fato, com um portfólio robusto, a mineradora tem na PI um dos grandes ativos do seu negócio. Para gerir todo este portfólio em âmbito nacional e internacional, a Vale mantém uma equipe interna multidisciplinar, no Brasil, com profissionais responsáveis por conduzir processos de PI. Os projetos de inovação da companhia estão em diversas áreas, envolvendo processos de mineração desde sua área operacional, bem como projetos que buscam beneficiar e melhorar seus produtos para uma melhor entrega aos seus clientes. Um case foi apresentado demonstrando elevado grau de maturidade e cultura de PI dentro da organização. “Este projeto envolveu a área de PI no processo todo e poderá reduzir em até 10% a emissão de gases na produção de aço”, explicou.

Em sua apresentação, Gustavo Monteiro, da Stellantis, mostrou que cada vez mais a indústria se preocupa com os DPIs mas há margem para traduzir o investimento em P&D e inovação no Brasil e no mundo em mais produção efetiva de DPIs no Brasil. A Stellantis conta com um portfólio nacional robusto de ativos de marcas e de desenho industrial e, no exterior, conta com um portfólio de patentes expressivo. Com várias frentes de inovação no Brasil, Monteiro considera que o número de patentes nacionais deve aumentar em virtude da relevância do mercado brasileiro para o negócio.  Para ele, a cultura da propriedade intelectual ainda é pouco disseminada nas empresas. “Precisamos pensar a PI de maneira estratégica. Se faz muita inovação, mas pouca proteção. Nos pilares futuros da indústria a patente vai se tornar cada vez mais importante”.

Os representantes de empresas presentes levantaram discussões relevantes e consideraram a reunião enriquecedora, ansiosos para a próxima agenda.

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