Newsletter - Edição 35 - Abril 2022

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Uma brisa em meio à recessão econômica

A economia brasileira está começando a sair da inércia e o País já está sendo visto com boa vontade pelo investidor externo, disse nesta terça-feira, 26, a economista Zeina Latif, em evento presencial e virtual promovido pelo Comitê Empresarial da ABPI – Associação Brasileira da Propriedade Intelectual. “Temos agendas que estão caminhando e o que precisamos é resgatar o espírito empreendedor da indústria”, disse. “O Brasil está numa posição, privilegiada e no curto prazo será beneficiado, pois há uma brisa, um olhar um pouco diferente do investidor lá fora”, acrescentou a economista em sua palestra “Tendências e perspectivas econômicas do Brasil”, com participação do presidente da ABPI, Gabriel Leonardos, da coordenadora do Comitê, Patrícia Gestic, e de representantes de empresas, entre Vale, Braskem, Sanofi, Bosch e Interfarma, entre outros.

Mas, apesar de alguns sinais positivos, o cenário de recuperação da economia ainda está distante, ponderou a economista, e o Brasil terá ainda que conviver com inflação ascendente e queda ou estagnação da atividade econômica. “A alta de juros ainda vai se materializar na economia, com possibilidade de variações negativas do PIB”, disse. “Não teremos um ambiente fácil este ano”.  O País, explicou, não resolveu problemas estruturais, no âmbito do chamado “Custo Brasil”, como excesso de intervencionismo estatal, protecionismo, distorção tributária, falta de especialização da mão de obra e baixa produtividade da indústria. “Precisamos eliminar regimes especiais protecionistas que em nada contribuem para o País”, defendeu. “A indústria errou muito nas suas pautas, muito presa ao protecionismo, mas temos que virar esta página porque não deu certo”. 

O presidente da ABPI, por sua vez, lembrou que, nos últimos 8 anos, os pedidos de patentes junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) caíram de 36 mil pedidos para 26 mil pedidos, o que, segundo ele, “demonstra a nossa defasagem tecnológica e é uma consequência da desindustrialização do País”. Para Zeina, no entanto, a desindustrialização não deve ser justificativa para mais políticas protecionistas. “Estamos com a produtividade quase estagnada.”, disse.

Com um crescimento do PIB per capita médio de 0,7% ao ano na última década, o Brasil, assinalou a economista, está com desempenho abaixo do registrado entre os países da América Latina e muito aquém das economias emergentes e avançadas. O ciclo econômico muito instável do país, o que dificulta políticas de planejamento e investimento, deverá resultar, segundo ela, em dificuldades conjunturais adicionais. A inflação, “mais disseminada e teimosa”, persistirá bom algum tempo, junto com a alta da taxa de juros, que virão por conta da pressão dos custos e, especialmente, da expansão fiscal. “Um país que já gasta mal teria que ser mais cuidadoso na calibragem deste recurso e na forma como gasta. Erramos na dose, como se não houvesse amanhã. Hoje temos inflação e taxa de juros mais altas do que o resto do mundo”.

Eleita pela revista Forbes, entre as economistas mais influentes do país, Zeina Latif é diretora da Gibraltar Consultoria e atuou como economista-chefe da XP Investimentos.

A manhã continuou com a Mesa Redonda que contou com a presença de Gustavo Monteiro, Advogado da Stellantis, e Claudia Oliveira, Líder de PI da Vale.

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