Inclusão e representatividade contra o racismo
A inclusão e a representatividade do negro na sociedade como resposta ao racismo deram o tom do debate “Compliance antidiscriminação racial na moda: medidas e cláusulas para adequação”, no último dia 03, na oitava edição do Law & Fashion Webtalk, promovido pela ABPI e a Comissão de Direito da Moda (CDMD) da OAB-RJ. O webinar teve como palestrantes o presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Humberto Adami, o empresário Fabrício Oliveira, fundador da Fowler, e Ana Paula de Paula, membro da CDMD, sob a moderação e Deborah Portilho, presidente da CDMD, e Renata Lisboa, sua primeira vice-presidente.
Para Adami, o combate à discriminação racial passa por ações compensatórias de compliance, de forma a garantir a presença maior do negro no mercado de trabalho, e chegou a defender um sistema de cotas no setor de moda. “Seria melhor se fosse de forma voluntária, mas que seja obrigatória, se for preciso, pois a população negra tem que ser incluída de qualquer forma”, disse. Ele deu o exemplo de uma rede de lojas que estampou suas confecções com pinturas de Rugendas (1802-1858), pintor alemão que retratou o cotidiano dos escravos africanos no Rio de Janeiro. Mesmo sem mostrar nas estampas os suplícios a que os escravos eram submetidos, as peças tiveram que ser retiradas de comercialização por pressão de movimentos antirracistas. “O que se ganhou com isso? Melhor seria se houvesse um ajuste de compliance, negociando com a rede a contratação de um número maior de trabalhadores negros nas lojas”, considerou.
Fabrício Oliveira em sua fala chamou a atenção para o ”racismo estrutural e incubado” existente na sociedade brasileira. “Falta vontade da população de inserir o negro e ceder um pouco dos seus privilégios”, disse, ao acrescentar que as iniciativas inclusivas e contra o racismo devem partir de dentro da própria comunidade negra. Esta prática, segundo ele, vem sendo adotada sistematicamente na Fowler, a grife que criou há oito anos, inspirada em referências suburbanas. “Dou preferência em trabalhar com uma rede de fornecedores e profissionais negros, pois assim o dinheiro se mantem mais tempo dentro da comunidade negra”, explicou.
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